É semana pós feriadão e muita gente está sentindo o peso do retorno à rotina. Há momentos que pensamos que um período de descanso irá trazer a energia suficiente para sermos mais produtivos no trabalho, mas nem sempre isso acontece. Será que é apenas por causa do cansaço ou existe um esgotamento por fazer um trabalho que não gosta?
Se trabalhar é uma necessidade, nem todo mundo pode se dar ao luxo de escolher algo que realmente gosta de fazer como fonte de renda. Há muitas pessoas que não podem fazer um curso superior, nem escolher a profissão. E também existem aquelas que podem escolher, mas acabam escolhendo uma carreira apenas pelo status econômico e social desejado.
Muita gente não faz o que gosta por achar que não terá retorno financeiro. É o medo de trocar o “certo” pelo “duvidoso”. Mas até que ponto é “certo” gastar horas preciosas da sua vida fazendo algo que não proporciona satisfação?
Fazer o que gosta x ceder à pressão da sociedade
Por um breve momento, o diretor de arte Kemel Mellem, 30, quase iniciou uma carreira indesejada apenas pela pressão social e familiar. Desde criança, Mellem adorava desenhar, gosto que surgiu naturalmente. Com o passar do tempo veio a vontade de trabalhar com algo voltado para isso.
Porém, nascido e criado em Itanhomi, no interior de Minas Gerais, o status social da carreira de médico pesou na hora da escolha do curso. “Em Minas tem muito isso. Parece até que só existe carreira de médico e advogado”, disse.
Com apenas 18 anos, Kemel conquistou o sonho de muitos estudantes: passou no concorrido vestibular de medicina da Univaço, em Ipatinga (MG). Mas não deu tempo nem de receber o trote dos veteranos. Antes de começar o curso, o jovem mineiro conversou com os pais e falou sobre seu desejo de cursar design. O pai foi pontual:
“Se você gosta de alguma coisa na vida e faz com vontade, com certeza vai dar certo”.
E Kemel foi atrás de sua vontade. Apoiado pela família, saiu de Minas com um amigo e uma prima para a cidade de Vitória (ES). A ilha capixaba o atraiu por ser uma capital sem toda a loucura de uma grande cidade. E foi lá onde ele começou seu sonho. Chegou a iniciar um cursinho pré-vestibular, mas optou por entrar na particular UCL – Faculdade do Centro Leste, no curso de Design Gráfico.
Kemel não tinha certeza do que queria com o design, exatamente. Mas ele se declara como alguém que confia no universo. Aos poucos, foi descobrindo como se encaixava na área e deixando as coisas acontecerem.
“No início do curso eu desenhava muitos carros e pensava que queria ser designer automobilístico. Mas não pesquisei, não sabia muito da área. Ao longo do tempo fui fazendo um networking e aí comecei a trabalhar. Fiz estágios em agências e fui contratado. Aí, nesse mundo do design, foi dando tudo certo!”, conta.
Para muitos pode parecer loucura passar em um vestibular tão difícil e concorrido como o de medicina e desistir da graduação. Porém, Kemel sente-se realizado com a profissão e diz que não a trocaria por nada.
“Fico pensando que se eu tivesse entrado em medicina, como a minha irmã mais nova, eu não estaria feliz. Eu a vejo sempre cansada, na correria, no plantão… Ela é muito bem sucedida financeiramente. Mas eu sinto que, no lugar dela, eu estaria fazendo o mediano da vida, recebendo o salário na conta, mas sentindo uma vida muito chata”, afirma.
No emprego atual, Kemel tem flexibilidade e qualidade de vida. Dois itens que com certeza muita gente gostaria de ter.
“Estou numa agência em que não trabalho todo o período, vou de bicicleta… Não recebo muito, mas adoro o retorno dos clientes. Tenho tempo para ficar com a minha filha e posso mudar meu horário diante de alguma adversidade. Isso me deixa muito satisfeito”.
Não dá para ignorar que num mundo capitalista o dinheiro é importante. Você deve estar se perguntando se Kemel, em algum momento, se arrependeu de não ter feito Medicina por causa do salário. Ele responde:
“Sempre que aparece algum problema financeiro essa questão me assombra. Mas não me arrependo. Na verdade, me dá mais força. O dinheiro deixa a gente muito infeliz. Porque ele é motivo de felicidade quando tem, e de infelicidade quando falta. Precisamos equilibrar isso, achar o suficiente para viver e estar bem”.
Muitas pessoas hoje não conseguem descobrir sua verdadeira paixão, ou acabam seguindo certas carreiras apenas pelo status e segurança financeira. Kemel acha preocupante que tantas pessoas levem uma vida e carreira pautados apenas pelo dinheiro.
“É como se todo mundo andasse numa fila indiana de mentira, e ninguém se dá conta. Ninguém faz nada fora do comum”
É muito perigoso viver no piloto automático, especialmente em tempos de mudanças no mercado de trabalho. O trabalho do futuro será baseado em atividades dinâmicas. Os profissionais terão que estar abertos à diversas possibilidades e sempre prontos para se reinventar. Kemel pretende continuar seguindo sua paixão dentro do novo mercado que surge.
“Não quero abrir um espaço físico, uma empresa. Mas quero um escritório de coworking e ter colaboradores. Eu faço mais a parte gráfica, e poderia colaborar com colegas que fazem outras coisas, ter associados, realizar encontros periódicos. Isso dá mais liberdade”, afirma.
Kemel é objetivo quanto à sua maior ambição do momento:
“Não quero ser o mais rico. Só quero chegar ao ponto de estar tão bem profissionalmente que as pessoas reconheçam minha identidade e não questionem a qualidade do meu trabalho”, finaliza.
Qual é a sua paixão?
Não dá para saber o que é certo nem o que é duvidoso até você tentar. Não existem fórmulas prontas que funcionam com todo mundo. Cada pessoa é diferente e não adianta se forçar a caber nos moldes pré-estabelecidos socialmente.
O próximo convite é para você nos contar o que gostaria de fazer da vida. Nós acreditamos que você pode fazer o que gosta e ainda ganhar dinheiro com isso, e queremos te ajudar! Mande um e-mail para contato@carreiraefelicidade.com.br e nos conte a sua história. A solução pode ser mais fácil do que você imagina!
Obrigada pela leitura e até a próxima!