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A carreira morreu? Não, mas cuidado com o piloto automático!

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08/05/2017 - 4:11 | Publicado há 7 anos atrás

Você já errou algum caminho, por se distrair um instante e esquecer para onde estava indo? É estranho, não? No momento seguinte você já pensa que sua memória está falhando. Ou então, no meio de uma conversa, usa uma frase que normalmente era a sua mãe quem dizia. Esses são alguns sinais de quem está vivendo no piloto automático.

Não se preocupe! Segundo o psicólogo Daniel Kahneman, ganhador do prêmio Nobel de Economia, nós vivemos no piloto automático a maior parte do tempo. Isso se torna grave apenas quando você se conforma com o estado atual das coisas e não percebe a razão ou não tem força de vontade para mudá-las.

Desde o nascimento, a partir da família e das construções sociais, somos ensinados a ser, pensar e agir de certas maneiras. Poucos felizardos são estimulados a descobrir quem realmente são e o que querem fazer.

Enquanto cresce, você deve estudar, trabalhar e criar estabilidade, para mais tarde conquistar a aposentadoria. Esse é o roteiro pronto e determinado. Por causa dele, fazemos as coisas de forma condicionada: repetindo um modelo de vida sem refletir mais detidamente sobre ele. Afinal, é um caminho seguro e um tanto mais confortável que o desafio de sair da trilha e se aventurar pelo incerto e desconhecido “outro caminho”

O conceito E2A surgiu a partir da percepção de que este é o modelo mental automático nas relações de trabalho e obtenção de renda. A sigla significa Escola, Emprego e Aposentadoria, as três fases percorridas ao longo da vida e estabelecidas como padrão. Por isso temos o E (escola), o 2 (para o outro E, de emprego) e o A (aposentadoria).

Esse modelo tem origem no final do século XIX, quando surgiram as primeiras universidades. Desde então, realizar todas as etapas do ensino até alcançar o superior tornou-se um padrão e um modelo de vida cada vez mais encorajado. A Revolução Industrial alimentou esse crescimento devido à organização da oferta da força de trabalho dos operários para os donos dos meios de produção, surgindo o conceito de “emprego”.

Na nova economia, viver no piloto automático é extremamente arriscado, uma vez que as transformações acontecem cada vez mais rapidamente. No final da década de 90, o sociólogo espanhol Manuel Castells, criador do conceito de “capitalismo informacional”, já havia previsto que a produção de bens seria substituída pela prestação de serviços, que constituiria a maioria das ofertas de emprego. Castells afirmou ainda que, sequencialmente, as profissões com grande conteúdo informacional e conhecimento seriam as mais importantes.

“Essa nova economia surgiu no último quarto do século XX porque a revolução da tecnologia da informação forneceu a base material indispensável para sua criação. É a conexão histórica entre a base de informações/conhecimentos da economia, seu alcance global, sua forma de organização em rede e a revolução da tecnologia da informação que cria um novo sistema econômico distinto” (CASTELLS, 1999, p. 119).

Agora, a mão de obra especializada passa a ser ameaçada pela automatização. Em 2016, o Fórum Econômico Mundial alertou que este fator afetará especialmente os trabalhos de escritório. Poderá ser o fim de milhões de empregos. O Fórum prevê ainda que áreas de inteligência artificial, robótica, nanotecnologia e impressão 3D ficarão cada vez mais desenvolvidas. Alguns empregos se tornarão supérfluos. Ao mesmo tempo, o desenvolvimento abrirá espaço para outras atividades.

Além disso, uma pesquisa realizada pelo McKinsey Global Institute, nos Estados Unidos, indica que a automatização afetará parcelas de quase todos os empregos. Eles serão afetados num grau menor ou maior, dependendo do tipo de trabalho. A pesquisa indica que a tecnologia pode automatizar 45% das atividades que atualmente pessoas são pagas para fazer.

É PRECISO SAIR DO PILOTO AUTOMÁTICO

Essas mudanças são consequência das transformações que a economia mundial sofre e continuará sofrendo. Elas acontecem à medida em que a tecnologia avança: a chamada “quarta revolução industrial”. Apesar dos números difusos entre as pesquisas, todas apontam para a automatização do emprego.

Por isso, de volta a Kahneman: não é de todo ruim ter as coisas pré-definidas. Isso traz segurança e facilita a vida, uma vez que caminhar pelo desconhecido pode demandar energia em excesso. Entretanto, diante dos fatos apresentados, inevitavelmente surge o questionamento: o caminho E2A (Escola > Emprego > Aposentadoria) ainda é seguro nos tempos atuais? Ainda dá para continuar no piloto automático?

Este é o segundo artigo de uma série de 6. O primeiro foi publicado aqui no blog em 26 de abril, e os próximos já estão no forno. Mas se você não quiser esperar, leia o ensaio completo, cientificamente embasado em E2A – Um Ensaio Sobre o Modelo Mental Dominante Quando se Pensa em Relações de Trabalho e Obtenção de Renda.

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Publicado originalmente no Linkedin, em 04 de maio de 2017

Por Enes Vilela, coach e executivo de Recursos Humanos. Fundador do blog Carreira & Felicidade e da empresa Rede Especialista, lida há 20 anos com gestão de carreira e atuou na formação de mais de oito mil trabalhadores.

REFERÊNCIAS

CANN, Oliver. Five Million Jobs by 2020: the Real Challenge of the Fourth Industrial Revolution. Disponível em https://www.weforum.org/press/2016/01/five-million-jobs-by-2020-the-real-challenge-of-the-fourth-industrial-revolution/. Acesso em 3 de maio de 2017.

CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 1999. v. 1

KAHNEMAN, Daniel. Rápido e devagar – duas formas de pensar. Ed. Objetiva, 2012.

MCKINSEY GLOBAL INSTITUTE. A future that works: automation, employment and productivity. McKinsey&Company, 2017.

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